10 razões aqui:

O que torna Baby Driver um filme fantástico?

Color coding das personagens



Edgar Wright recebeu grandes críticas num dos aspetos do Shaun of the Dead; as personagens estavam demasiado apresentadas, isto é, deixou transparecer facilmente as suas personalidades e caraterísticas, não dando lugar ao público de especular e imaginar. Algo que foi corrigido neste último filme.
Toda a direção de arte teve um papel fundamental no Baby Driver, desde o guarda-roupa, à iluminação, tudo foi pensado de modo a estabelecer a posição de cada personagem quanto à narrativa, a sua personalidade e sentimentos e ainda, com recurso à iluminação e cor também conseguimos absorver quem era o leading character de algumas cenas.

Podemos começar logo pela cena de abertura onde, através do guarda-roupa, facilmente compreendemos a posição de Baby face ao mundo do crime. Enquanto toda a equipa está de sobretudo preto, Baby está de preto e branco.
Essa paleta de cores também nos leva para outro aspeto e um dos mais fundamentais, a meu ver, o color coding das personagens. De modo literal, é o código de cores representativo de cada personagem que nos deixa conhecer um pouco da sua personalidade, sem deixar nada demasiado óbvio - corrigindo, assim, algumas das críticas que teve no outro filme.

Baby veste-se maioritariamente de preto e branco, o que, desde aí, pode ser interpretado como uma metáfora relativa à vida que leva, por estar dividido entre o mundo do crime e uma vida caseira com Joe e, claro, o seu novo romance. 
Essa escolha de cores também nos ajuda a separar essa personagem, do resto da equipa, isto pois todos os restantes membros vestem cores vibrantes e têm um costume design mais chamativo e marcante.

Debora também tem como paleta de cores o preto e o branco, as cores do seu uniforme, estabelecendo, assim, tanto a relação de ambos, como o fato de serem as poucas personagens durante o filme que se apresentam fora e/ou contra o mundo do crime. No entanto, não são as únicas cores a essa personagem associadas. Fora do trabalho é uma personagem com um guarda-roupa bastante colorido e vibrante, com fortes presenças de amarelo e gangas, transparecendo, deste modo, a felicidade que trouxe para a vida da nossa personagem principal, bem como a esperança de finalmente conseguir imaginar um futuro melhor.
O mesmo comprova-se quando os vemos juntos na lavandaria, que foi quando saíram juntos pela primeira vez. Todo o ambiente e guarda-roupa é mais colorido, senão a cena mais colorida do filme. Percebemos, então, da mudança que Debora fez na vida de Baby.



Outro aspeto a salientar relativo a estas duas personagens é a evolução da personagem principal através do costume design. O Baby começa o filme com t-shirt branca e, durante o filme, as t-shirts que usa são gradualmente mais escuras, terminando numa t-shirt cinzenta escura.

Conseguimos acompanhar essas mudanças durante o filme, inclusive, na última perseguição, podemos ver Baby a vestir um casaco de ganga enquanto foge o que nos remete para Debora, significando, assim, a influência dela nas escolhas que ele tomou, nomeadamente, fugir da vida do crime.

Para além das personalidades, a cor também está presente para nos descrever sentimentos.
No último momento entre Buddy e Baby podemos observar o quão presente está a cor vermelha, enquanto Buddy está dentro do carro, tem toda a face iluminada por um vermelho vibrante, representando a sede por vingança.




Já o verde durante o decorrer do filme, representa a ganância. Encontramos essa cor em todo o set design em redor da personagem de Kevin Spacey.





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