10 razões aqui:

O que torna Baby Driver um filme fantástico?

Pequenos detalhes



A atenção aos pequenos detalhes é fundamental e Edgar Wright não deixou isso minimamente de lado durante a realização deste filme. Durante todo o seu decorrer apercebemo-nos de pequenos detalhes que nos soltam um sorriso, quando finalmente os encontramos, de tão inteligentes e discretos que são.

Alguns exemplos:


- Quando a personagem principal inicia a marcha na primeira fuga podemos ver um dos membros da equipa, no banco de passageiro, a fazer sinal para ele seguir em frente, ao que Baby ignora, seguindo para trás sem hesitar. Para alguns é uma cena engraçada mas a verdade é que já estava previsto. Conseguimos ver o Baby a colocar a marcha atrás e também, momentos antes, conseguimos ver um carro da polícia que seguia na direção contrária.

- Umas cenas à frente, já em casa do seu pai adotivo, vê-se uma imagem na televisão de Baby a conduzir o carro durante o assalto, mas como teriam as notícias conseguido essa fotografia? Se voltarmos uns momentos atrás, durante a perseguição, há um flash que pisca durante umas milésimas de segundo, foi o disparo da câmara.

- Ainda nessa cena e relativo à televisão, vemos passar vários filmes, como Fight Club (1999) e Monsters Inc (2001) e ouvimos várias frases desses filmes que, mais à frente, são frases que a personagem principal cita involuntariamente durante o decorrer da narrativa, ele basicamente recolhe o que ouve, mistura e usa mais à frente, assim como faz com as suas mixes.


- Momentos à frente, depois de um outro assalto que incomodou Baby, voltamos a vê-lo regressar do café com a mesma música inicial mas interpretada por outra banda, transmitindo uma vibe diferente, menos alegre e certamente, com o Baby menos confortável na sua posição.

- Na cena após o match-cut o protagonista está a cantar a música que estamos a ouvir, com os lábios coordenados com o áudio mas a cena está toda em câmara lenta - e é essa atenção ao detalhe, que passa despercebida, mas que aumenta o valor do cuidado no filme!




- Mais à frente, numa conversa por telefone entre Baby e Debora, em todos os planos vemos as personagens numa porta com uma sala escura à sua frente, como se estivessem separados por isso, como se algo escuro os separasse e, de fato, a vida que Baby levava, naquele instante, estava crucial. Claro que também pode ser apenas por ser uma técnica visual para salientar o ponto de foco, as personagens, mas é algo que depende da interpretação de cada um. 

Estes são alguns dos pequenos detalhes que me cativaram, mas todo o filme está cheio de momentos assim. Como quando, durante o planeamento de um assalto, o Baby acidentalmente empurra um carro que acaba por cair da mesa e, perto do final, Buddy numa luta com Baby cai de um parque de estacionamento com o carro exatamente na mesma posição. Coincidência? Até diria que sim, se não se tratasse de um filme de Edgar Wright.

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